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Channel: Islamismo – Tubo de Ensaio
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Especialistas muçulmanos debatem a evolução

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DCubillas/stock.xchng

O Islamismo abriga as mais diferentes visões em relação à teoria da evolução. Agora, elas estão começando a dialogar. (Foto: DCubillas/stock.xchng)

O Guardian publicou ontem um relato interessantíssimo de Yasmin Khan sobre um evento ocorrido em Londres e que reuniu muçulmanos para discutir a compatibilidade entre sua fé e a teoria da evolução. Houve boicote de entidades de estudantes muçulmanos, o evento mudou de lugar, mas os organizadores não se deixaram intimidar e felizmente seguiram adiante.

Ao ler o relato de Yasmin, percebemos que as mais diversas correntes tiveram oportunidade de falar: desde aqueles que defendiam a compatibilidade total (como Usama Hasan, que já foi até ameaçado de morte por causa de suas posições) até um emissário do famoso criacionista turco Harun Yahya, que levou a discussão para o lado dos fósseis de transição; o biólogo Ehab Abouheif rebateu as acusações, mas Yasmin lamenta que pouca gente tenha dado atenção.

O ponto mais sensível na discussão sobre o Islã e Darwin é a criação do homem. Há pouco mais de um ano, a propósito dos estudantes de medicina muçulmanos que estavam boicotando aulas sobre evolução em faculdades britânicas, ouvi do professor Jamil Iskandar que as afirmações da teoria da evolução sobre a origem do homem são incompatíveis com a teologia islâmica. Foi exatamente o que disse Yasir Qadhi, ressaltando que, em outros tópicos, não existe nenhum conflito entre a fé muçulmana e a teoria da evolução. No entanto, vários dos participantes do debate defenderam a origem biológica do ser humano como descendente de um ancestral comum a outros primatas, como a antropóloga Fatima Jackson, para quem a pesquisa sobre os fenômenos naturais a aproxima de Deus. “A evolução não substitui a fé, ela a complementa”, afirmou.

O debate não teve vencedores ou perdedores, e imagino que nem era essa a ideia. Yasmin viu méritos nas posições (ainda que contraditórias) de quase todos os debatedores, com exceção do representante criacionista, e conta que essa mesma sensação de inquietação era visível em diversas outras pessoas que assistiram ao evento. O objetivo não era encerrar uma polêmica, e sim abri-la, ou pelo menos ampliá-la. Yasmin a comparou a uma caixa de Pandora. Só podemos esperar que o diálogo continue, e seja baseado na tolerância, mas principalmente na busca pela verdade.

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O despertar da ciência no mundo islâmico

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Já faz um bom tempo botei aqui os vídeos de Thomas Woods sobre a relação entre cristianismo e ciência. Neles, Woods faz uma alegação que explica por que a ciência pôde florescer apenas num caldo de cultura cristã: por causa da noção de universo ordenado. “Em algumas das chamadas ciências aplicadas, como medicina e óptica, o Islã deu grandes contribuições. Porém, nas ciências mais teóricas, a ciência islâmica nasceu, como diria o padre Stanley Jaki, natimorta. Parecia que ela estava indo a algum lugar e, de repente, acabou. (…) Se você fosse dizer que o universo é ordenado de acordo com certas leis que têm de ser observadas, isso seria um insulto a Alá, que pode se comportar de maneira tão arbitrária quanto queira. O que lhe parece uma lei pode ser apenas um de seus hábitos que ele pode descontinuar a qualquer tempo”, diz Woods em seu vídeo. Bom, não sei onde ele encaixaria aí os avanços que os árabes tiveram na álgebra, por exemplo, mas é verdade que o mundo islâmico passou por séculos de estagnação científica.

Por isso é bom ler, na edição mais recente da The Economist, uma reportagem sobre um novo impulso científico nos países muçulmanos. A reportagem começa com informações que não são das melhores, como o cancelamento de um curso que o físico nuclear paquistanês Pervez Hoodbhoy leicionava em uma universidade de seu país, e que incluía conteúdos sobre a relação entre o islamismo e a ciência. Mas, passado o diagnóstico mais deprimente, o leitor começa a ver os bons sinais. Primeiro, a matéria faz uma recapitulação histórica dos avanços científicos islâmicos durante a Idade Média, muitos deles inclusive com motivação religiosa. A astronomia, por exemplo, se beneficiou dos esforços para calcular corretamente a data do Ramadã.


A ciência floresceu no mundo islâmico durante a Alta Idade Média, mas depois sofreu uma estagnação que durou até recentemente. (Imagem: Reprodução)

Esse despertar para a ciência nos países islâmicos, diz a Economist, é obra não dos líderes religiosos, mas dos governantes de países que estão submersos em dinheiro graças ao petróleo. Eles estão criando novas universidades e financiando atividades de pesquisa e desenvolvimento, com os resultados surgindo em termos de artigos científicos, que crescem não apenas em quantidade, mas também em qualidade. A ênfase, neste momento inicial, parece ser nas ciências que tenham aplicações mais práticas.

A reportagem não dedica muito espaço à reação dos líderes religiosos a essa renovação científica. A revista diz que boa parte da ciência que vem sendo feita não colide com os valores islâmicos, mas a coisa muda de figura quando o tema é a evolução. Muitos muçulmanos, mesmo cientistas, rejeitam a noção de que o ser humano seja fruto de um processo evolutivo, embora haja cientistas religiosos que não veem problema com esse conceito. Por outro lado, o texto ressalta que pesquisadores muçulmanos não têm restrições à pesquisa com células-tronco embrionárias, porque acreditam que a alma se infunde no feto apenas entre o 40.º e o 120.º dia de gestação.

(Aqui, uma observação: a oposição dos católicos à pesquisa com células embrionárias não tem nada a ver com doutrinas sobre infusão da alma, ao contrário do que se diz comumente. Na verdade, a Igreja Católica se baseia justamente na comprovação científica de que, desde a concepção, existe um novo indivíduo da espécie humana que merece proteção, independentemente do momento da infusão da alma.)

Apesar de encerrar demonstrando preocupação com o grau de liberdade que os cientistas têm no mundo islâmico, a reportagem não deixa de ser positiva ao mostrar que, pouco a pouco, esses países vêm se abrindo cada vez mais à ciência.

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Por que cientistas deveriam se importar com a religião? Nidhal Guessoum responde

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No começo da semana, o astrofísico argelino Nidhal Guessoum publicou um ótimo artigo no site Big Questions Online, chamado Why Should Scientists Care About Religion? Guessoum, que é muçulmano e leva a sério sua religião, foi pesquisador da Nasa e hoje leciona nos Emirados Árabes. Tive a oportunidade de assistir a algumas aulas dele, e trocar ideias informalmente, quando participei do curso do Instituto Faraday, em Cambridge, há dois anos.

O astrofísico Nidhal Guessoum vem sendo uma voz importante ao defender a harmonia entre ciência e fé no mundo islâmico. (Foto: Divulgação)

O astrofísico Nidhal Guessoum vem sendo uma voz importante ao defender a harmonia entre ciência e fé no mundo islâmico. (Foto: Divulgação)

Guessoum inicia seu texto dizendo que gasta muito da sua energia convencendo outros muçulmanos a levar a ciência a sério. Mas que dá muito mais trabalho convencer cientistas a levar a religião a sério. E aqui Guessoum distingue “religião” de “fé” e “espiritualidade”. Fé, ele diz, é a crença naquilo que não pode ser objetivamente comprovado (até porque, se pudesse, não precisaria de fé…). Espiritualidade é uma sensação de “algo mais” que o meramente biológico/físico/químico (por isso a pesquisadora Elaine Ecklund, citada por Guessoum, descobriu cientistas que se declaram ao mesmo tempo “ateus” e “espirituais”). Já a religião é um sistema organizado, que envolve crenças, dogmas, sistemas éticos e algum grau de vida em comunidade.

A dificuldade de fazer cientistas levar a religião a sério, explica Guessoum, está no fato de haver uma assimetria entre ciência e religião; embora ambas sejam ramos do conhecimento, aquele produzido pela ciência, por seu caráter empiricamente comprovável, sofre menos questionamentos. Para piorar, a religião, especialmente após o Iluminismo, vem sendo retratada como irracional, bitolada, contrária à ciência, enfim, toda aquela coisa que já conhecemos. Uma visão que Guessoum descarta como “simplista” e “caricata”. Sim, é verdade que temos alguns grupos que se encaixam na descrição acima, mas boa parte das grandes religiões do mundo está longe desse espantalho, inclusive no que se refere à relação com a ciência. Guessoum cita essa teologia “atualizada” como sendo às vezes classificada de “teologia liberal”. Achei arriscado, porque pelo menos entre os católicos o termo “liberal” é associado mais ao campo moral, embora também inclua muitos questionamentos em relação às próprias bases do Cristianismo. Além disso, é perfeitamente possível ser um “conservador” e reconhecer sem problemas o que a ciência nos diz sobre o universo e o homem. Mas isso é uma digressão. O que importa é que, para Guessoum, os cientistas deveriam considerar um diálogo com essas teologias e religiões “atualizadas”.

E aí vem a pergunta: por quê? Só a ciência e o liberalismo já não são suficientes para explicar tudo, para cobrir tudo aquilo que nos diz respeito? Guessoum afirma que não; afinal, essa é a base do cientificismo. Ele diz que mesmo cientistas com essa tendência “imperialista” precisam reconhecer que nossa visão de mundo “não pode estar limitada a uma perspectiva científica”, e cita a arte e a filosofia como exemplos. “Da mesma forma, a religião aborda uma dimensão da vida e pensamento humanos que raramente pode ser iluminada pela ciência”, afirma. Quando perguntamos a uma pessoa religiosa o que isso traz a ela, diz o astrofísico, as respostas são do tipo: um propósito e um significado para a vida, perspectiva em relação às coisas, senso de identidade, ênfase no amor como o mais importante da vida, orientação moral, força para lidar com desastres e morte. Cientistas que têm fé ainda acrescentam ideias como uma visão de mundo unificada, em que o universo “faz mais sentido”. Enfim, uma explicação harmônica para a existência em todas as suas dimensões, afirma Guessoum. Além disso, a religião ajuda no debate sobre o que ser humano realmente significa; e fornece aos cientistas princípios éticos para sua vida pessoal e profissional.

“A ciência, pelo menos naquilo que se considera já estabelecido, deve ser aceita e defendida por todos, crentes e não crentes, e particularmente pelas pessoas instruídas. Fé, espiritualidade e religião, por outro lado, são conjuntos opcionais de ideias que se pode escolher ter ou não, em uma ou outra versão. Entretanto, pessoas com educação e discernimento em particular devem se esforçar para fazer a fé, a espiritualidade e a religião tão sofisticadas, abertas e atualizadas quanto for possível. Assim que essas duas exigências forem cumpridas, ciência e religião têm muito a colaborar uma com a outra, e com a humanidade”, diz Guessoum. Na pior das hipóteses, os cientistas não crentes se beneficiam ao entender o público religioso para melhor comunicar seu trabalho e suas descobertas. “É óbvio que não podemos ignorar a ciência, com seus métodos e resultados. Mas também seria benéfico à humanidade se a ciência e os cientistas não apenas deixassem de tentar apagar tudo que a religião pode proporcionar e de insistir em comportamentos puramente racionais, mas também começassem a compreender as contribuições positivas que a religião pode trazer à humanidade. Há mais no mundo que o que a ciência pode ver”, encerra Guessoum.

No fim, o astrofísico propõe três questões para discussão:

1. Os termos “religião” e “religioso” ganharam novos significados recentemente? A ciência influenciou o entendimento atual desses termos?

2. Religião e ciência deveriam ser considerados magistérios totalmente separados, como propunha Stephen Jay Gould, ou deveríamos relacioná-las de alguma maneira?

3. “Encantamento e admiração” (sei que wonder e awe têm vários outros significados que podem se encaixar igualmente no conceito acima, como “assombro”, “fascinação”, “espanto”; escolham à vontade) vão substituir “religião e espiritualidade” no futuro, ou a religião tem alguns valores centrais que sempre serão atrativos para as pessoas?

Que tal aproveitar a caixa de comentários para discutir essas questões?

Prêmio Top Blog 2013, votação em breve!
Em 9 de setembro começa a primeira rodada de votação da edição 2013 do prêmio Top Blog. Em 2010 e 2011, o Tubo venceu a categoria “Religião/blogs profissionais” pelo voto popular. Em 2012, não ficamos entre os finalistas, mas o Blog Animal, também da Gazeta, venceu sua categoria pelo júri acadêmico. Esse ano, teremos outros blogs da Gazeta do Povo concorrendo também, à medida que eles forem se inscrevendo vocês saberão como votar em todos eles.

(Aviso: O Instituto Faraday, mencionado nessa resenha, concedeu em 2011 uma bolsa para que o blogueiro fizesse um curso de uma semana na Universidade de Cambridge)

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Ortotanásia, milagres e crianças: uma combinação delicadíssima

Ciência e religião no novo “Cosmos”

Ortotanásia, milagres e crianças: uma combinação delicadíssimaReprodução

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Uma reportagem da CBS News chamou minha atenção na semana passada. Médicos britânicos observaram, ao longo de três anos, 203 casos envolvendo crianças cujo estado de saúde foi declarado irreversível pelos médicos, que aconselharam a interrupção de tratamentos como o uso de ventilação artificial. A remoção do suporte avançado de manutenção da vida, como sabemos, […]

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estátua de Silvestre II em Aurillac, na FrançaNa virada do primeiro para o segundo milênio, um dos maiores matemáticos e astrônomos do Ocidente cristão, se não o maior deles, não estava em uma das escolas que se tornariam os embriões das universidades medievais: estava sentado no trono de São Pedro. O papa Silvestre II, ou Gerberto de Aurillac, é o tema da […]

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